Comercialização do broto de feijão e alfafa são grandes apostas
Do terreno arrendado de dois mil metros do olericultor Júlio Pereira da Silva, de Mário Campos, é de onde saem folhosas, brotos e hortaliças que abastecem supermercados, sacolões e lares de municípios da região metropolitana de Belo Horizonte. A produção, que tem sido crescente, é cultivada em 8 estufas de olerícolas hidropônicas garantindo o sustento da família.
Entre 2020 e 2021, a produção cresceu 17%. De carona com o bom resultado, também subiu a renda bruta anual do negócio, com um salto de 29%. A melhora é fruto de um trabalho realizado por Júlio e familiares, por meio do programa de Assistência Técnica e Gerencial - ATeG Olericultura do Sistema Faemg Senar. Os números também refletem a participação no SuperAção Brumadinho, iniciativa do Sistema CNA/ Senar em parceria com o Senar Minas, após o rompimento de uma barragem no município em 2019.
Os principais produtos cultivados são a alface crespa, alface roxa, alface lisa, agrião, coentro, couve mizuna, mostarda, rúcula e cebolinha. No entanto, o olericultor também vem apostando fichas no cultivo de brotos de feijão moyashi e alfafa, dois produtos que, afirma, são vislumbrados pela gastronomia. A produção do broto de feijão, por exemplo, chega a cerca de 1.000 embalagens por mês.
Todo o trabalho feito por Júlio, citou o produtor, tem o apoio da esposa, Antônia Rocha da Silva, e do filho, Júlio Pereira da Silva Júnior. Para a família, as conquistas já observadas são apenas a ponta de um grande sonho. “São 30 anos trabalhando com a terra. Não seria tão feliz em outra coisa. Enquanto eu tiver saúde é nesse ramo que eu vou batalhar para que nós três possamos seguir juntos e prosperar mais”, comemorou.
Profissionalização
Na propriedade da família, tudo é cuidadosamente cultivado em um quarto climatizado com temperatura controlada, quando da fase de broto. Já a estrutura da hidroponia é simples, em um cano de pvc, mas vem sendo reestruturada após danos causados pelas fortes chuvas e ventos. Após o ingresso no ATeG, algumas práticas têm sido aprimoradas para garantir um melhor resultado.
Antes, a produção era baixa e, nos meses de setembro a novembro, onde o ataque de pragas é intenso, tornava-se inviável. “Eles também não faziam anotações e não conseguiam visualizar o que impactava economicamente na atividade”, explicou a técnica de campo que os acompanha, Cleidiane Rodrigues de Oliveira.
Agora, todas as notinhas são separadas por vendas e receitas. Deste modo, fica mais fácil reconhecer os gargalos. Quando o problema é o adubo, por exemplo, busca-se o planejamento das melhores cotações e os cálculos das soluções nutritivas. Outro ponto bastante comum é o encontro de soluções práticas e eficientes para investimento em medidas alternativas durante o manejo no campo.
A dica da técnica de campo para reduzir o ataque às plantas sem altos investimentos é fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP) introduzindo o uso do controle biológico das pragas e usando armadilhas adesivas para monitoramento e captura dos insetos.
“Os três colocaram a mão na massa e confeccionaram as próprias armadilhas. Os custos com os materiais não chegaram a R$0,50”, explicou Cleidiane. Como resultado, houve redução nas perdas na produção e nos custos operacionais. Com isso, outras variedades de olerícolas foram introduzidas, mantendo o pensamento na preservação ambiental e na saúde dos consumidores.
Novos mercados
O acompanhamento periódico ao qual Júlio tem tido acesso no ATeG trouxe mais qualidade e ajudou a ampliar os mercados. Em apenas 6 meses, a projeção do resultado para o primeiro ano é de um aumento de 7,14% na margem de renda bruta, se comparado aos números que eram verificados no projeto anterior.
Além disso, a expectativa é que os negócios dêem um salto, já que a família foi contemplada com a parceria entre o Sistema Faemg Senar e a startup Clicampo, que funciona como um marketplace para agricultores familiares, conectando pequenos e médios produtores a restaurantes e varejistas nos grandes centros, a preços mais justos de mercado.
“Só temos a agradecer. Quando a técnica de campo chegou, percebi que tudo que a gente soma de conhecimento ao longo do tempo sozinho ainda é pouco. Ela trouxe técnicas que não conhecíamos e tem nos ajudado muito. Avançamos a cada mês de atendimento”, concluiu o produtor.