União e representatividade. Com este propósito, mais de 80 autoridades políticas e ligadas ao agronegócio mineiro e brasileiro participaram, na manhã desta segunda-feira (18/3), no Expominas, em Belo Horizonte, do movimento “Minas Grita pelo Leite!”. A ação foi liderada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que reuniu esferas do Executivo e Legislativo, lideranças de sindicatos rurais e cooperativas para fazer ouvir a voz de milhares de produtores rurais que protestam contra a situação de calamidade do setor lácteo nacional.
As importações predatórias de leite em pó do Mercosul, em especial da Argentina e do Uruguai, têm feito com que os pecuaristas brasileiros recebam cada vez menos pelo litro de leite produzido e não consigam arcar com os altos custos de produção. “É um prazer enorme estar aqui hoje, pois os produtores de leite representam uma classe numerosa, que gera emprego e leva renda para o campo. Minas é o estado que mais produz leite e laticínios no Brasil e esses produtores têm sofrido muito com a concorrência do leite importado”, destacou Romeu Zema. O governador anunciou, durante o encontro, que o estado vai retirar os laticínios que importam leite em pó do Regime Especial de Tributação.
Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais, Thales Fernandes, o momento é muito mais político do que técnico. “Foram mais de 30 reuniões em que nós não fomos ouvidos. Quem nós queremos proteger, os produtores rurais mineiros ou os produtores do Uruguai e da Argentina? O que falta nesse momento é coragem, é gestão e, principalmente, vontade política do Governo Federal para resolver essa questão que nos aflige”, destacou.
"A situação dos produtores de leite é insustentável. A expectativa agora é trabalhar junto com o Governo Federal e com o Governo Estadual para ter incentivo para os produtores rurais. A balança tem que ser igual, a competitividade para eles está péssima. É preciso dar incentivos para eles produzirem melhor e conseguir entrar no mercado", reforçou o senador Cleitinho.
De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado estadual, Tadeu Martins Leite, a discussão sobre o cenário do leite talvez seja uma das mais urgentes do Estado. “Minas Gerais sempre liderou e tomou a frente dos vários importantes momentos da história do nosso país. Tenho certeza de que hoje nasce mais um movimento que vai surtir efeito e resolver o problema do leite não só em Minas, mas em todo o país”.
Já o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de leite da Faemg, Jônadan Ma, defendeu que esta é mais uma etapa da luta dos produtores rurais e da Faemg. “Este evento será um grande marco, um grande divisor de águas porque mostrou não apenas a força do leite e a nossa união, mas também a nossa dramática situação. Esperamos que o governo nos escute e se atente para os nossos pleitos: parar as importações, renegociar nossas dívidas e colocar o leite no plano de alimentos do governo”.
Frentes Parlamentares
Para a presidente da Frente Parlamentar de Apoio ao Produtor de Leite, deputada federal Ana Paula Leão, o evento é importante para fazer ecoar por todo o Brasil o grito de Minas em prol do produtor de leite. “O que que a gente espera de fato do governo? Que ele faça cumprir o termo de acordo do Mercosul, que diz que a competitividade do preço tem que ser leal. Precisamos sair com a renegociação de dívidas para os produtores de leite e com políticas públicas estruturantes”.
Para o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), o deputado federal Pedro Lupion, há uma enxurrada de leite no mercado que faz com que o preço do produto diminua e o produtor não consiga pagar suas contas. “É uma preocupação muito grande que a gente precisa resolver. A Frente Parlamentar da Agropecuária, com mais de 300 parlamentares, tem trabalhado junto ao governo, conversado com o vice-presidente da República, MAPA, Ministério da Fazenda e com a presidência da República, para exigir que haja uma medida em relação a isso. A gente precisa fechar essas importações o mais rápido possível”.
“É muito bom ver que todas essas entidades se solidarizam com os problemas que os produtores rurais mineiros e brasileiros estão sofrendo. Mostramos ao Brasil a nossa união e que só vamos parar quando os nossos pleitos forem atendidos”, conclui o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
Para o o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Produtores de Leite na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado estadual Coronel Henrique, o governo federal não sinaliza que é um governo sensível. "Um governo inteligente gosta que as coisas no campo andem bem, porque nós teremos o abastecimento correto e preços justos, com geração de emprego e renda. A situação não é boa e, hoje, nesse evento, é mais um grito de basta. O governo federal deve fazer alguma coisa, especialmente com relação à sensibilidade para barrar essas importações, barrar ou criar medidas compensatórias. Especificamente, é muito possível fazer isso apertando a questão sanitária, dificultando uma entrada desenfreada desses produtos”, destacou.