Dezoito produtores de Paula Cândido e Presidente Bernardes, na Zona da Mata, receberam nesta quarta-feira (23), 38 toneladas de farelo de soja compradas coletivamente. A carga foi a primeira viabilizada pelo projeto do Sistema Faemg Senar e Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais e a Bioma Investimentos, que visa facilitar a compra coletiva de insumos promovendo economia para os produtores rurais.
“Esse é um marco histórico para a agropecuária e para os produtores rurais de Paula Cândido porque essa articulação faz uma diferença imensa, especialmente para os pequenos produtores e é disso que nós precisamos”, afirmou o vice-presidente de Finanças do Sistema Faemg Senar e presidente do Inaes, Renato Laguardia, que está acompanhando de perto o projeto.
O gerente executivo do Inaes, Bruno Rocha de Melo, destacou a importância estratégica do projeto que, para ele, representa muito mais do que uma economia financeira. “É a concretização de um novo modelo de cooperação entre os produtores rurais, liderada pelo Sindicato de Produtores Rurais, que fortalece o associativismo e promove uma gestão mais eficiente das propriedades”, afirmou.
O grupo, composto por produtores da bovinocultura de leite, economizou mais de R$13 mil, pagando um valor 12,5% menor no insumo, na comparação com o preço praticado no mercado local. A concretização do processo foi celebrada pelo presidente do SPR do município, Antenor Ferreira, já que essa é uma novidade para os produtores. “Não é parte da cultura, mas aceitamos a ideia e deu certo. Essa é uma forma de unir os produtores e mostrar que atuar em associação é possível e facilita o trabalho na propriedade”, avaliou.
José Julio de Oliveira Fernandes foi um dos produtores que tiveram a primeira experiência de compra conjunta. Satisfeito com a entrega, ele disse que “valeu a pena” e faz planos para o dinheiro economizado. “Com essa diferença no preço, posso investir em outra área da produção e conseguir ganhar mais”, comentou.
O pequeno produtor Paulo César Gonçalves já conhecia os benefícios de comprar coletivamente e adquiriu 85 sacas de farelo de soja. “Foi uma oportunidade de comprar bem para vender melhor o leite e valorizar a mão de obra e o trabalho na roça”.
Para o médio produtor Bruno Teixeira, habituado a comprar insumos nesta modalidade, a iniciativa do Sindicato “é o pontapé inicial de uma grande revolução para o município. Na nossa atividade o lucro é de centavos, então a economia de R$10, a R$15 por saco de soja, faz muita diferença”.
Economia na prática
Grande parte dos 18 produtores do grupo de compras faz parte do programa de Assistência Técnica e Gerencial - ATeG Balde Cheio. O técnico de campo que os acompanha, Leonardo Campos, explicou que a iniciativa é uma aliada importante na diminuição do custo de produção.
A aquisição do farelo de soja com menor preço, significa uma grande economia. “O concentrado é o maior fator que impacta o custo de produção da atividade leiteira podendo comprometer até 35% da renda bruta do leite”.
Mas ele salienta que para viabilizar a compra, com segurança, o produtor precisa “estruturar bem o fluxo de caixa para conseguir fazer compras estratégicas e em maior volume e alcançar resultados positivos nos indicadores anuais”.
Sucesso inicial e planos para o futuro
O analista regional do Sistema Faemg em Viçosa, Jeferson Bello acompanhou a entrega e reforçou o potencial da iniciativa para a cidade e a região. “Estamos conseguindo interceder nessa compra garantindo um produto com origem e qualidade garantida a um preço mais acessível, principalmente para o pequeno produtor que tem mais dificuldade de acessar esse mercado”.
Gabriel Renó, gerente de projetos da Bioma Investimentos, avaliou como bem-sucedida a primeira entrega fruto da parceria com o Sindicato e o Inaes. “Para nós é uma grande satisfação ver a materialização do trabalho de toda a equipe que conseguimos realizar com a confiança dos produtores rurais”.
A agente de desenvolvimento rural do Sindicato, Vivian Silva, ressaltou que o objetivo é repetir as compras mensalmente, aumentar o grupo, expandir a ação para os fruticultores e cafeicultores e comprar outros insumos. “Os produtores estão satisfeitos, temos outras demandas e estamos confiantes de que dará certo”.
"Nosso objetivo é continuar ampliando o acesso a insumos de qualidade a preços mais competitivos, contribuindo para a sustentabilidade e o crescimento da agropecuária na região,” finalizou o gerente do Inaes, Bruno Rocha de Melo.