Mais de 37 mil hectares de pastagens e de vegetação nativa foram recuperados em Minas Gerais, com as ações do FIP Paisagens Rurais. Os números do projeto, que está em sua fase final no estado, foram apresentados em reunião promovida pelo Sistema Faemg Senar e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta quinta-feira (10/10), em Uberaba. O resultado vai ao encontro do objetivo do FIP Paisagens Rurais, de fortalecer a adoção de práticas de conservação e recuperação ambientais, bem como atividades agrícolas sustentáveis de baixa emissão de carbono em bacias selecionadas do bioma Cerrado.
Financiado pelo Banco Mundial, o projeto é desenvolvido em sete estados no Brasil e em Minas Gerais é executado pelo Sistema Faemg Senar e entidades parceiras em propriedades localizadas na Bacia do Rio Tijuco. Ao todo, foram atendidos 2.722 produtores rurais, da pecuária de corte e de leite, em 14 municípios do Triângulo Mineiro. Durante dois anos, eles receberam assistência técnica e gerencial gratuita, por meio da visita mensal de um técnico de campo.
“Minas Gerais concentrou a maior parte deste projeto e, por isso, foi escolhido pela Embrapa para receber as Unidades de Avaliação de Indicadores. Foram selecionadas 40 propriedades, onde foram feitas coletas, mensurações e avaliações ao longo do projeto, para análise do antes e depois das pastagens e da vegetação nativa”, explicou o coordenador do FIP Paisagens Rurais, Giovanne Souza. O trabalho iniciou-se em 2019 e será concluído na região no início de 2025. Até o momento, foram recuperados mais de 30,5 mil hectares de pastagens com práticas agrícolas de baixa emissão de carbono e quase 7 mil hectares com práticas de conservação e recuperação ambiental.
Balanço das UAI’s
O pesquisador da Embrapa Cerrados, Luiz Adriano Maia Cordeiro, foi o responsável pela apresentação do trabalho promovido nas Unidades de Avaliação de Indicadores (UAI’s), que foram selecionadas para diagnóstico e monitoramento de áreas que receberam intervenção do projeto. “Essas 40 propriedades selecionadas representam em torno de 1% do total do FIP Paisagens Rurais. A intenção foi fazer uma avaliação de indicadores na parte de pastagens e também de vegetação nativa”, explicou.
De acordo com Cordeiro, essa nova metodologia de análise de pastagens, por meio de trabalho em campo, serviu para correlacionar com o monitoramento já realizado via satélite, permitindo uma validação do trabalho desenvolvido pelo técnico de campo na propriedade. O monitoramento nas UAI’s foi realizado nos períodos seco e chuvoso.
O balanço mostrou que 210,33 hectares das 40 UAI’s passaram por intervenção, o que representa cerca de 11% da área total, de 1.799 hectares. Nestas áreas, 62,5% passaram por renovação das pastagens, de forma direta ou indireta, com custo médio de R$ 4.090. “Isso foi muito interessante, pois mostrou que os produtores aproveitaram as orientações do técnico de campo para investir nas pastagens”, completou Cordeiro.
Ele também detalhou os níveis de intervenção, com destaque para 27% dos produtores que optaram pela correção ou adubação do pasto, 22% que fizeram a integração lavoura e pecuária, seguido de 20% que fizeram todos os tratos culturais. O relatório mostrou que nas áreas com intervenção houve um aumento no estoque de forragem de 191% no período da seca e de 79% na estação chuvosa. Em relação às Áreas de Preservação Ambiental, o balanço apontou como principais fatores de degradação a falta de aceiro, em 94,2% e a presença de formigas em 93,8%. Os participantes também puderam acompanhar imagens do antes e depois das pastagens e áreas de vegetação nativa, mostrando a evolução das intervenções.
“Foram mais de 100 mil hectares recuperados nos sete estados, o que demonstrou uma capacidade muito grande no potencial de execução das instituições envolvidas no projeto”, disse o coordenador nacional de Assistência Técnica e Gerencial do Senar, Rafael Costa. O gerente regional do Sistema Faemg Senar, Ricardo Tuller, destacou que o trabalho de pesquisa desenvolvido pela Embrapa nas UAI’s é fundamental para a continuidade da evolução do projeto, permitindo a transferência de conhecimento da entidade para o produtor rural.
A reunião de Apresentação de Resultados do FIP Paisagens Rurais contou com a participação de técnicos de campo e produtores rurais, que receberam certificados e relatórios técnicos do monitoramento. A abertura do evento também teve as presenças do superintendente geral da ABCZ, Moacir Sgarioni, do gestor do projeto no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Sidney Medeiros e da especialista ambiental sênior do Banco Mundial, Bernadete Lange.
Além de participarem da reunião de apresentação de resultados, equipes do Sistema Faemg Senar, Banco Mundial, Embrapa, Mapa, Serviço Florestal Brasileiro, Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) fizeram duas visitas de monitoramento em propriedades que foram assistidas pelo projeto em Uberaba, na quarta-feira (09/10).
“O Banco Mundial monitora a execução do projeto a cada seis meses, por meio de uma missão para verificação dos resultados em campo, que é também uma oportunidade de troca de informação entre esses órgãos envolvidos e os produtores. É um momento de análise das atividades que estão sendo implementadas e dos resultados alcançados”, explicou a especialista ambiental do Banco Mundial, Bernadete Lange.
Em uma das propriedades visitadas, com as orientações do técnico de campo José Ricardo da Silva, a pastagem foi intensificada em 16 hectares, do total de 26 ha da área total. “Fizemos análise e tratamento do solo, curva de nível, piquetes, e tudo isso melhorou o manejo. Neste ano, não precisei utilizar silagem, mesmo neste período seco, o que também proporcionou uma economia. Foi um trabalho de excelência, tive todo o apoio necessário do projeto”, disse o produtor Dalmi Gomes Barbosa.
O Projeto Gestão Integrada da Paisagem no Bioma Cerrado – FIP Paisagens Rurais é financiado com recursos do Programa de Investimento Florestal, através do Banco Mundial. A coordenação é do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, do MAPA, com parceria da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do MCTIC, por meio do Inpe e da Embrapa.