O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,44% em setembro, com destaque para o setor de alimentos, que registrou aumento de 0,50% no período. Os dados foram divulgados nessa quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A seca e a estiagem que afetam diversas regiões do país, incluindo Minas Gerais, foram decisivos para a elevação nos preços dos produtos agropecuários, segundo análise da assessora técnica do Sistema Faemg Senar, Aline Veloso.
“O impacto da seca nas lavouras e a indisponibilidade hídrica foram elementos cruciais para o aumento dos preços de alimentos, principalmente das frutas e carnes. Isso reflete diretamente as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais, que, além de sofrerem com condições climáticas adversas, também estão passando por custos de produção mais elevados”, destacou Aline.
No subitem alimentação no domicílio, o aumento foi de 0,56%. Entre os produtos que registraram maiores altas, frutas como limão (30,41%), laranja lima (14,66%), maracujá (14,44%) e mamão (10,34%) tiveram destaque. "A oferta reduzida de frutas nas regiões metropolitanas pesquisadas se deve, em grande parte, aos efeitos climáticos que impactaram diretamente as lavouras", explicou a assessora.
Além das frutas, as carnes tiveram um aumento significativo de 2,97% na composição do indicador. “No primeiro semestre, vimos uma queda nos preços da carne bovina por conta da maior oferta, mas com o agravamento da seca, as pastagens foram comprometidas. Assim, reduzindo a oferta de animais prontos para abate e ao longo da cadeia produtiva, ocorreu aumento do preço ao consumidor final”, complementou Aline. Entre os cortes que mais subiram, o contrafilé teve alta de 3,79% e a carne de porco de 3,67%. O leite também sofreu impacto, com acréscimo de 1% no preço.
Por outro lado, diversos alimentos que estão em plena safra contribuíram para não deixar a inflação do grupo alimentação aumentar ainda mais. “Hortaliças, verduras e tubérculos, como cenoura, alho e cebola, e algumas frutas, como banana prata, morango e manga tiveram preços mais acessíveis aos consumidores em setembro”.
Perspectivas
O cenário climático adverso, com estiagem e queimadas, deve continuar influenciando os preços no setor de alimentos nos próximos meses. “Esses eventos naturais não afetam apenas a produção, mas também elevam os custos dos insumos e da logística, resultando em mais pressão sobre os preços no mercado”, avaliou Aline.
Para o mês de outubro, a expectativa é que o setor de energia elétrica, outro grande influenciador da inflação, continue pressionando o IPCA com a adoção da bandeira tarifária vermelha, patamar 2. A tarifa adicional sobre o consumo de energia passará de R$ 4,46 para R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. Isso também afeta diretamente o agronegócio, que depende do uso intensivo de eletricidade em várias etapas da produção.
Apoio ao produtor
Diante desse cenário desafiador, o Sistema Faemg Senar continua atuando para apoiar os produtores rurais mineiros, seja por meio de capacitação ou de políticas públicas que busquem mitigar os efeitos da estiagem e garantir mais sustentabilidade ao setor. "Nosso compromisso é buscar alternativas e oferecer suporte técnico para que os produtores enfrentem esses desafios e mantenham a competitividade. A seca e a estiagem não afetam apenas o campo, mas toda a sociedade, visto que a inflação impacta diretamente o orçamento das famílias brasileiras", finalizou.