Com forte representatividade em Minas Gerais, a cafeicultura constitui um dos setores mais dinâmicos da agricultura do estado, considerando o volume de produção, a movimentação de capitais e a mão de obra ocupada na atividade. Para incentivar a conexão direta entre produtores e mercado consumidor, promover o melhor da produção mineira e disseminar o consumo de cafés de qualidade, o Sistema Faemg lançou o projeto “Meu Café no Sistema Faemg”.
Com a iniciativa, produtores rurais podem ter seu café apresentado nos principais eventos agropecuários do estado, nos encontros institucionais da Federação em Belo Horizonte e nos seus dez escritórios regionais, além de participar de uma rodada de negócios durante a Semana Internacional do Café, uma das maiores feiras do mundo e o maior encontro sobre café do Brasil. Entre os critérios de participação, os cafés devem ter pontuação superior a 80 (metodologia de avaliação com base na SCA – Specialty Coffee Association) e apresentar qualidade sensorial atestada por especialistas. Para os selecionados, a remessa de participação é feita em grãos já torrados e moídos, totalizando 60 quilos.
O presidente do Sistema Faemg, Antônio de Salvo, destaca que Minas é o maior estado produtor de café do Brasil, responsável por aproximadamente metade do que é produzido no país. “E o setor vem sofrendo com as intempéries climáticas, como as geadas do ano passado e as mais recentes chuvas de granizo, o que tem gerado incertezas quanto à colheita da próxima safra. Por isso, temos atuado em iniciativas para fortalecer a cadeia produtiva. O ‘Meu Café no Sistema Faemg’ é uma forma de dar visibilidade ao produtor rural, fomentar novas conexões de mercado e, além disso, incentivar a prática do consumo de cafés especiais”, diz.
Flávio da Silva Bastos produz o café especial Paixão do Caparaó, em Espera Feliz, na região das Matas de Minas. O seu produto, um catucaí 785/15 vermelho, recebeu 84,1 pontos na escala SCAA e foi selecionado para o programa. Quem experimenta pode sentir o corpo sedoso, as notas e aromas de mel, melaço, caramelo e especiarias do café. No município, que faz divisa com o Espírito Santo e fica no maciço do Caparaó, a altitude elevada é uma característica que propicia a produção de cafés especiais.
“Além da valorização do produto, participar do projeto do Sistema Faemg é uma forma de abrir o mercado. Temos muitos produtores com excelentes cafés que merecem ser conhecidos pela qualidade e terem seu produto comercializado à altura”, ressalta Flávio. O Paixão do Caparaó, que está sendo produzido desde 2021, tem em seu nome uma homenagem à localização geográfica e, especialmente, à sua esposa, Bianca dos Santos Paixão. Segundo ele, o sobrenome define bem sua relação com a companheira e com a cafeicultura.
Primeira participante
Primeira participante do projeto, a Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu (Coomap) foi fundada em 2 de maio de 1957 e tem sede em Paraguaçu, no Sul de Minas, maior região produtora de café arábica do Brasil. Com ações voltadas para a melhoria na qualidade do café e o bem-estar de seus associados, tem conquistado bons resultados ao longo dos últimos 65 anos. “A importância da Coomap para a cidade reflete diretamente na força do agro: 50% do PIB vem do agronegócio, sendo que o café corresponde a 80% das atividades deste ramo. Além disso, contribuiu com a geração de empregos e melhoria da renda e, em nível nacional, para o superavit da balança comercial pelo fato de realizar exportações diretas”, diz o gerente do Departamento de Café, Paulo Miranda.
Com área de mais de 4 mil metros quadrados para o armazenamento, a Coomap é responsável por todo o processo, desde a captação do grão na fazenda até a preparação, conforme as especificações dos clientes para a comercialização no mercado nacional e internacional. O armazenamento é individualizado e a produção é totalmente rastreada. “Nosso quadro de cooperados é composto, na sua maioria, por agricultores familiares que têm como atividade principal o cultivo do café”, explica Paulo.
De acordo com ele, entre os benefícios de contar com a parceria do Sistema Faemg estão as capacitações recebidas por associados, via Sindicato dos Produtores Rurais de Paraguaçu, os cursos em áreas do manejo com o café, programas Gestão com Qualidade em Campo (GQC), Sucessão no Campo e Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café+Forte que é um fator importantes para a seleção pelo projeto “Meu Café no Sistema Faemg”. Participantes do ATeG Café+Forte ou associados a Sindicatos de Produtores Rurais têm prioridade na ordem de participação.
A analista de Agronegócios do Sistema Faemg Ana Carolina Gomes explica que o programa tem por missão valorizar a produção mineira. “Para produzir um café de qualidade são vários os fatores que impactam na produtividade e lucratividade, desde a gestão dos negócios até os aspectos naturais como solo, clima, topografia, torra e moagem. Por isso, essa iniciativa é tão importante para conectar o produtor e o consumidor e promover a experiência de consumo do café especial nas mais diversas regiões de Minas”, explica. O Meu Café no Sistema Faemg 2022 vai até junho de 2023, e depois a intenção é dar continuidade ao projeto com os cafés da nova safra.