O amor pela terra fez com que Gabriel de Moura Pereira, de 18 anos, aceitasse o convite dos pais e permanecesse na fazenda Várzea do Porto, em Corinto, após concluir o ensino médio. Como forma de incentivo, eles cederam uma área de 1,7 hectares, onde o jovem deposita toda a sua dedicação: campo promissor para uma atividade que está apenas começando, mas que já mostra frutos.
Para isso, ele tem seguido com entusiasmo o que vem aprendendo no Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Olericultura do Sistema FAEMG. Em pouco tempo, os encontros com a técnica de campo Paula Alonso abriram espaço para mais produtividade e lucratividade no cultivo de feijão, abóbora, quiabo, beterraba, cenoura, cebolinha e milho.
A mudança no panorama da área produtiva reflete no bolso do produtor: o crescimento gradativo do lucro mensal da atividade passou de R$ 461, em agosto de 2021, para R$ 1.627 até o mês atual. A produção de 300 quilos no início do atendimento foi para 2.000 quilos, um aumento de 660%. “Como tivemos que estruturar todo o plantio, os resultados parecem sutis, mas significam muito para mim, porque passam tranquilidade aos meus pais em relação às decisões que estou tomando'', explicou Gabriel, recém-aprovado no curso de Agronegócio do Sistema FAEMG. “Minha história mostra que tem muito espaço no agro para os jovens”.
De acordo com a técnica de campo, algumas mudanças foram necessárias para os resultados na Olericultura, antes comandada pela mãe, Tatiana Ferreira de Moura, para produção de conserva e fornecimento de poucos itens para a merenda escolar. A atividade deixou de ser sazonal, o cultivo ficou mais organizado, com atenção à qualidade, rotação de cultura e plantio escalonado, e há a busca de alternativas para baratear o custo da produção, inclusive o de energia elétrica com irrigação, que é elevado. O maior desafio tem sido a comercialização. “Porém, com a inserção de novas espécies na área do cultivo, estamos com boas projeções para o próximo semestre”, disse a técnica.
Orgulho da família
Em relação à sucessão familiar na gestão da propriedade, vem acontecendo de forma natural, tranquila e gradativa. O pai deu liberdade e Gabriel tomou gosto, entendendo que ele é o principal agente de transformação. Assim, a propriedade passa a ser mais do que fonte de renda: é a preservação de toda uma história em conjunto com o aprimoramento das técnicas e maior profissionalização da atividade. A expectativa da família é que, aos poucos, o jovem venha a assumir o protagonismo na gestão da propriedade.
“Em geral, o jovem tem mais afinidade com novas práticas ou tecnologias. Mas levar para a família propostas que, às vezes, são do conhecimento do filho, e não do pai, não passa muita segurança, porque o perfil do produtor é do tipo que precisa ver para crer. Neste momento, mostrar os ganhos para a atividade faz com que ele se abra para receber o serviço”, explicou a técnica.
O pai de Gabriel, Lúcio Antônio Pereira (bovinocultor), maior incentivador do jovem, lembra que sua trajetória foi bem diferente, sem investimentos em inovação e quase nenhuma preocupação com gestão. “Os cálculos ficavam na cabeça, mas o campo não permite isso mais. É só olhar em volta. Quem está crescendo está cheio de saber. Eu desejo que meu filho cresça e prospere na atividade, mesmo que de degrau em degrau. Que supere o que vier pela frente e continue centrado, com os olhos para o futuro. Tenho muito orgulho dele”.