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Nevonex e Bosch juntos para integrar os dados das máquinas

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
ESCRITO POR POR MARINA SALLES, AGTECH GARAGE
04/10/2021 . INAES

No que depender da companhia alemã Bosch, a falta de comunicação entre tratores, colheitadeiras, e sensores e aplicativos conectados a essas máquinas, está com os dias contados. Fazendo uma analogia com o universo dos celulares, a Bosch está colocando no mercado uma espécie de sistema operacional que roda em qualquer aparelho, ou melhor, em qualquer máquina agrícola, independentemente da marca, e se comunica com diferentes aplicativos.

Marcel Martinez, da Bosch

“Eu gosto de fazer um paralelo entre o Nevonex e o Android para facilitar o entendimento das pessoas. No caso do Android, o sistema roda seja no aparelho seja da Samsung, seja da Motorola, e permite baixar o Waze, o WhatsApp. Com o Nevonex, nós emulamos isso para as máquinas agrícolas e seus apps”, afirma Marcel Martinez, Responsável Regional por Veículos Comerciais e Off-Road da Bosch na América Latina.

Anunciado na Feira Agritechnica Hannover, o ecossistema computacional será lançado comercialmente na Alemanha em novembro e, no Brasil, durante a edição virtual da Agrishow Experience, que acontece de 19 a 21 de outubro. No país, a Stara, AGCO e Jumil já estão conectadas ao Nevonex. 

Além dessas fabricantes, estão presentes no ecossistema uma série de outras empresas de maquinários (AGCO, Amazone, Lemken e Rauch), revendoras de máquinas (geo-konzept, ZG Raiffeisen), além de gigantes de insumos (Corteva, Syngenta, Basf e Yara), empresas de software (DHI, MyEasyFarm, AGIntegration, AgJunction, AGVisorPRO, AR agrirouter, Gaussian, inmarsat, ixmap, LMIS, OSB connagtive, rexroth), uma associação (Deula) e fabricantes de hardwares (Air-O-Fan, Pessl Instruments, exatrek e Topcon, kinéis), totalizando 31 parceiros na rede até o momento. Pronta para atender o mercado, a solução desembarcará primeiro na Europa, América do Norte e América do Sul. 

A interoperabilidade

Bruno Bragazza, Gerente de Inovação, Novos Negócios e Propriedade Intelectual da Bosch, afirma que o primeiro passo para a plataforma ganhar escala é atrair o maior número de fabricantes de máquinas possível — com o apelo de facilitar o acesso à tecnologia no campo, acelerar o desenvolvimento de soluções atreladas ao maquinário e reduzir custos de desenvolvimento. 

Bruno Bragazza, da Bosch

“Os fabricantes precisam estar dentro da plataforma e, uma vez dentro, a gente consegue otimizar o trabalho dos provedores de serviço, que poderão programar um único app para qualquer máquina. O Nevonex é uma plataforma aberta e as máquinas mais novas devem vir já com o hardware para se comunicar com o ecossistema, enquanto as mais antigas precisarão ter um equipamento acoplado”, explica.

Quem colhe os frutos da integração é o produtor rural que, supondo que contratou um aplicativo que mede, por exemplo, o consumo de combustível, consegue ver em uma única tela os dados de todas as suas máquinas. Saindo da máquina, os dados são criptografados e enviados para a nuvem da Bosch. As informações compartilhadas com o provedor do serviço são apenas aquelas que sua própria solução captura.

A neutralidade da Bosch no setor agrícola, sua expertise em tecnologia e a segurança que garante na transferência de dados são, na visão de Bragazza, os elementos-chave para conquistar mais e mais parceiros.

Além de congregar grandes empresas de máquinas agrícolas e insumos, o Nevonex também está de portas abertas para startups como a My Easy Farm, que já integra sua rede. De origem francesa, a agtech de gestão da agricultura digital permite ao produtor acessar dados de solo, satélite, colheita, aplicação de insumos e relatórios dos funcionários em um só lugar.  

Para Martinez, as aplicações do ecossistema em nuvem serão ilimitadas. “Vamos começar pelo maquinário e nossa visão de médio prazo é avançar em outras frentes, como gestão da fazenda, dos silos, do transporte da produção. O céu é o limite para a capacidade e criatividade dos desenvolvedores de aplicativos”, diz. 

Modelo de negócios

Para os provedores de serviço, o modelo de negócios da Bosch gira em torno da concessão de licenças para desenvolverem seus aplicativos. “A Bosch não vende nada para o produtor, ela faz parcerias com os fabricantes de máquinas para ter acesso à sua biblioteca de protocolos e, com esses protocolos, gera uma biblioteca criptografada e disponibiliza uma licença para que outras empresas possam prover os serviços digitais delas”, detalha Martinez. Assim, quem continuará a vender as soluções e aplicativos para o produtor rural serão as empresas, sejam fabricantes de máquinas, produtoras de insumos ou startups. 

Num exemplo prático, Bragazza ilustra o quão livre é a oferta do provedor. “Uma empresa de insumos pode dar acesso gratuito a um aplicativo de plantio para o cliente que compra a semente dela, e vender a solução avulsa para o que não compra”, afirma. O Nevonex não interfere nessas transações, garantindo apenas que o aplicativo funcione em qualquer máquina integrada ao ecossistema.

“Meu sonho é entrar no Nevonex e ver ali um app para churrasco”, brinca Marcel, entendendo que esse seria um forte sinal de que a plataforma foi bem aceita no mercado e se popularizou.