O produtor rural Carlos Henrique Cugler Lamim, de Virgínia (MG), redescobriu suas origens ao trocar a vida na cidade grande pelo campo. Após viver em metrópoles como São Paulo, Curitiba e Santos, ele decidiu, em 2017, retornar à sua terra natal e trilhar um novo caminho na produção de queijos artesanais. Aos 44 anos, Carlos foi o grande vencedor da categoria “Queijo com Tratamento Térmico” do Prêmio CNA Brasil Artesanal 2025, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O queijo premiado, Maranata Ouro, é feito a partir de uma receita centenária da Serra da Mantiqueira, maturado por 270 dias, com sabor potente e aromas cítricos que remetem aos tradicionais parmesões italianos. “A gente costuma dizer que é primo do parmesão. O Maranata é nosso queijo mais curado e o mais especial da casa”, destaca Carlos.
Em 2020, Carlos comprou um sítio e, com incentivo do pai e da esposa, Paula Tatiana, iniciou a produção de queijos artesanais. “Foi um projeto de vida. Eu comprei o sítio e casei tudo ao mesmo tempo.” Segundo ele, Paula é peça-chave no negócio, cuidando das finanças, expedição e pedidos. O filho do casal, também chamado Henrique, de 4 anos, já ajuda colando rótulos e medalhas nos queijos. “Todo mundo participa.”
Apoio do Sistema Faemg Senar
Por trás das premiações, há muita dedicação e técnica, com apoio fundamental do Sistema Faemg Senar. “Eu fiz todos os cursos do Senar na bovinocultura. Aprendi inseminação, manejo, cuidados com bezerras e casco. Quando comprei o sítio, fiquei impressionado com a quantidade de cursos gratuitos”, relata Henrique. Ele também participou do Programa de Assistência Técnica e Gerencial.
Reconhecimento
O reconhecimento nacional pelo Prêmio CNA soma-se a outras conquistas importantes: medalha de ouro no Mundial do Queijo 2022, medalha de prata na Expoqueijo Araxá 2024, além de prêmios no Queijo Brasil em 2024 e 2025.
Com produção diária de cerca de 500 litros de leite próprio, a queijaria aposta na diversidade de maturações para atender mercados especializados. Além do Maranata Ouro (270 dias), a linha inclui queijos com 15, 60 e 100 dias de cura, além de uma receita com olhaduras, típica dos queijos suíços.
Henrique é o atual presidente da Apromam — Associação dos Produtores do Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas, que reúne 50 associados e representa produtores das dez cidades oficialmente reconhecidas como aptas à fabricação do queijo de identidade própria: Passa Quatro, Itanhandu, Itamonte, Pouso Alto, Virgínia, Baependi, Aiuruoca, Carvalhos, Bocaina de Minas e Liberdade.