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Sul de Minas tem dois finalistas no Prêmio da CNA

PRÊMIO CNA BRASIL ARTESANAL QUEIJOS
ESCRITO POR FLÁVIO CHRISTO, DE JUIZ DE FORA
26/05/2022 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR

Duas propriedades rurais das cidades de Alagoa e Aiuruoca tem produtos na final do Prêmio CNA Brasil Artesanal Queijos. Dos 15 finalistas, 12 são de Minas. As marcas “Queijos Aiuruoca” e “Sabor da Alagoa” estão entre elas. Ambas concorrem na categoria Queijos Artesanais Tradicionais e contam, há cerca de seis meses, com o auxílio do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Agroindústria do Sistema FAEMG.

O paulistano Arnaldo Ferreira Borges, da Queijos Aiuruoca, é professor universitário na cidade de São Paulo, mas há 10 anos vem dedicando parte do seu tempo em busca de mais qualidade de vida e tranquilidade para o futuro. Ele investiu em uma propriedade na cidade de Aiuruoca e, há cinco anos, começou a produzir queijos. Ele nunca havia participado de concursos e revela que estava apreensivo com o resultado. “Eu produzia queijo pois gosto do produto, não pensava em produzir muito, menos ainda em competir”. Para participar ele inscreveu o seu melhor produto, um parmesão meia cura que, de acordo com ele, tem pontos cristalizados na crosta, ficando bastante cremoso por dentro. Ele absorve toda a produção de leite de gado da raça Jersey que possui em sua propriedade, e acredita que a qualidade da sua matéria-prima é um dos grandes trunfos para o sabor e a textura do seu produto. “Eu uso apenas leite da minha produção. Essa raça produz menos, mas gera um leite mais denso, com mais peso sólido. Por isso, eu consigo uma boa qualidade sem usar nenhum aditivo”.

Arnaldo e uma das vacas que produzem o leite do queijo finalista

Já a Queijaria Sabor da Alagoa chegou nessa final com um pouco mais de experiência. No ano passado ela foi medalha de prata em um concurso realizado em Araxá, onde apresentou seu queijo de Alagoa aromatizado. Dessa vez, Francisco Antônio de Barros, dono da empresa, pretende melhorar ainda mais sua marca, atingindo o primeiro lugar com o queijo artesanal de Alagoa maturado. “Minha expectativa é inexplicável. Só de chegar a ser um dos finalistas eu já fiquei muito feliz, se ganharmos a próxima etapa vamos vibrar muito e, com certeza, será um marco na história da minha família”. Para ele, participar de programas e cursos do SENAR MINAS tem relação direta com o bom desempenho dos seus produtos. “Faço cursos pelo SENAR desde 2008, sempre buscando novas técnicas e práticas para o nosso dia a dia. Um dos primeiros cursos que fiz foi de alimentação de bovinos de leite, e depois de inseminação artificial. Há 13 anos venho melhorando meu rebanho através da inseminação”, contou.

Francisco e a esposa, com alguns dos queijos que fabricam

Técnicas do ATeG relatam mudanças nas propriedades

Duas mulheres são as responsáveis pela assistência técnica e gerencial nessas propriedades. Renata Santos é quem presta assistência na fazenda do produtor Francisco. Já Suélei dos Reis é a técnica que atende a agroindústria de Arnaldo. Já no início do atendimento, Renata percebeu que a Queijaria Sabor da Alagoa era uma empresa familiar, que buscava melhorar a qualidade do seu produto. “Mas os animais tinham alto índice de mastite subclínica. Como não era diagnosticada, acabava impactando a qualidade do leite e o rendimento dos queijos”. Para melhorar essa situação, ela já começou seu trabalho com um choque de gestão. “Implementamos e aprimoramos as BPF e as BPA, com destaque para o controle de mastite. Também focamos o trabalho na organização e melhoria da gestão da propriedade, aperfeiçoando o controle e organização diária de produção, das entradas e saídas, das vendas, levantamento de custos, entendimento do faturamento e lucratividade da atividade”.

Fazenda de Francisco aprimorou as boas práticas para aumentar qualidade dos queijos

Suélei encontrou na fazenda de Arnaldo um terreno fértil para mudanças e um produtor aberto a sugestões. Isso ajudou muito nos resultados alcançados em pouco tempo. “O Programa tem como foco mostrar para o produtor o quanto sua propriedade pode ser lucrativa, além do trabalho técnico relacionado à produção dos queijos. O Arnaldo se mostrou muito receptivo”. Ela diz estar satisfeita com os resultados já alcançados, mas pretende continuar as otimizações e auxiliar ainda mais no aumento da qualidade dos produtos. “A busca por melhoria é contínua. Estamos no início do programa e ainda temos muitos desafios pela frente. A classificação no concurso mostra o resultado do trabalho e dedicação, além de reafirmar que estamos no caminho certo”.

O trabalho na fazenda de Arnaldo inclui boa estrutura e bons animais

O presidente do Sindicato Rural de Baependi, Sirlei Silvério, afirmou que a atuação do sindicato e do Sistema FAEMG auxiliou muito nesses resultados, com um trabalho que já vem sendo desenvolvido há pelo menos três anos. “O Francisco já fez diversos cursos e treinamentos com a gente. Evoluiu muito nos últimos tempos. Já o Arnaldo me impressionou com a estrutura da sua propriedade. Tem equipe, matéria-prima e maquinários modernos que fazem com que seu queijo tenha uma boa qualidade”.

A próxima etapa do concurso será dia 8 de junho, em Brasília. Os queijos serão avaliados por um júri popular, passando por uma análise sensorial que vai avaliar a aceitação dos consumidores. A data dos resultados finais ainda não foi divulgada.