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“A pessoa curiosa sempre aprende”, diz cafeicultor premiado

CASO DE SUCESSO
ESCRITO POR GISELE NISHIYAMA, DE LAVRAS
05/08/2022 . SISTEMA FAEMG, SENAR

Em Cristina, cidade de 10.226 habitantes, nasceu a Sertãozinho Cafés Especiais e Trader, a realização do sonho de Edson da Silva, um “ex e eterno” aluno do SENAR MINAS responsável pela produção de um café de excelência, premiado com vários troféus: 1º lugar Late Harvest BSCA e 2º lugar no BestCup em 2018, e 15º lugar no principal concurso de qualidade do café do mundo, o Cup of Excellence, em 2020.

O agora empresário Edson da Silva tomando um cafezinho pra lá de especial

Mas até chegar a este resultado, foi uma longa trajetória, como conta Edson: “minha família inteira, desde a época do meu avô, trabalhava para fazendeiros. Meu avô ganhava um salário mínimo, criou 11 filhos e eu de neto. Lembro que o dinheiro não dava para nada. Desde a época dele, uns 30 ou 40 anos atrás, sempre trabalhamos com café, seja na panha ou no tratamento da lavoura. A gente não tinha terra, não tinha nada”.

Dos 13 aos 16 anos, Edson trabalhou para fazendeiros ganhando meio salário. Aos 16, decidiu ir atrás de sua própria lavoura. “Assinei a carteira, trabalhei três meses, parei e peguei a minha primeira lavoura, de arrendamento, aqui no meu bairro, que é pura agricultura familiar. Alguns tinham terra, mas os filhos eram ainda muito pequenos, então consegui uma oportunidade. Era 50% para cada, eu entrava com a mão-de-obra, e dividia os insumos e a colheita, já os tratos culturais durante o ano para roçar e a adubação, era a gente mesmo quem fazia”.

A iniciativa

Com esta inspiração familiar, Edson produzia café, mas percebia que não obtinha o devido retorno. Foi a partir daí que tudo mudou. “Estava apertado, colhia 10 sacas, mas ficava com 5. O serviço todo era por conta da gente. Era muita dificuldade financeira, tinha que vender os cafés no preço que as indústrias pagam e não no preço do que a gente produz. Por vezes, a venda era ela por elas, sem ganhar nada, só para ter o desempate mesmo. Foi aí que pensei: não quero isto mais não, vou criar a minha própria torrefação”.

Hoje, Edson vende para o consumidor final e para cafeterias e empórios do Brasil inteiro, chegando até a exportar café já torrado. “Tudo graças ao fruto do meu trabalho e da qualidade da agricultura familiar do meu bairro”, ressalta o empreendedor.

Busca pelo conhecimento

Para chegar nesse ponto, o cafeicultor procurou uma maneira de valorizar o seu café e descobriu como se capacitar com os cursos do SENAR MINAS. “O SENAR foi a base essencial para eu estar onde estou hoje, para ter o conhecimento que eu tenho, conhecer o que era um café especial. Isto tudo através do curso de Torra, Degustação de Café, Cafés Especiais, Manutenção, Adubação, Compostagem, Comércio do Café, dentre tantos outros que fiz e repeti, por sempre trazerem atualização. Assim melhorei a parte da lavoura, aprendi o que é ter um café bom, saber provar, torrar. Neste sonho meu, fui juntando, trabalhando, correndo atrás até conseguir montar a minha própria torrefação. Tudo o que eu aprendi é que me ajudou a praticar. Foi a partir dos cursos que eu aprendi a valorizar o meu café. Torrefação é conhecimento e a pessoa curiosa sempre aprende”.

Cooperação que faz crescer

Edson demonstra o orgulho de pertencer ao bairro Sertãozinho, de onde vem o nome do seu café, lugar que, segundo ele, é responsável pela produção de excelentes cafés, com ótimas pontuações sensoriais e aromas únicos. Além disto, faz questão de comprar café de outros produtores.

“Tudo o que produzo hoje é vendido no meu pacotinho de café. Graças a Deus o negócio vem crescendo e eu consigo comprar café de qualidade de outros produtores também, para suprir a demanda de consumo por cafés especiais que torro hoje. A cada dia que passa, a agricultura familiar ganha mais força”.