Todos os sábados, em Caxambu, uma feira é realizada na Praça Central, ao lado do coreto. Nesse local, é possível encontrar artesanato, verduras, legumes, frutas, conservas, temperos, medicamentos naturais e até garrafadas. Esta já era uma feira tradicional, porém, tanta diversidade se deu após a chegada de alguns novos expositores, que passaram a vender no local depois de terem participado do evento “Feira Segura”, realizado pelo Sistema FAEMG na cidade em outubro de 2021. Nele, produtores da região aprenderam a como utilizar, de maneira segura, o espaço público para vender seus produtos, respeitando os protocolos de segurança vigentes para evitar a Covid-19. Além disso, foram ensinadas questões a respeito de marketing, otimização das vendas e exposição do produto.
Quem promoveu a Feira Segura na cidade foi o Sindicato dos Produtores Rurais de Caxambu. A mobilizadora Ana Arsênio foi a responsável pelo evento. Para ela, o maior sucesso é ver a mudança acontecendo para quem participou. “O Sistema FAEMG deu o primeiro passo, capacitou o expositor em todos os sentidos e, agora, eles têm uma fonte de trabalho e renda. Dos 16 expositores, 80% estão firmes na feira até hoje”, contou ela.
Aumento da renda
Daniele Moreira é artesã, e ter participado da Feira Segura fez uma diferença significativa na sua vida. “Lá foi minha primeira feira. Sempre fui artesã, mas não tinha onde vender. Muitos feirantes de hoje aqui, deram o pontapé inicial nas vendas lá na Feira Segura. Hoje, de 80 a 100% da minha renda vem das vendas aqui”. Ela produz panos de prato, esculturas em biscuit, cestos, potes e utensílios domésticos. Para ela, apenas expor o seu produto já é uma grande oportunidade. “Às vezes as pessoas passam e não compram, mas encomendam panos de prato, enfeites de aniversário, topo de bolo de casamento em biscuit, os terços. Deu para aumentar bem minha renda”.
Inserção na comunidade
A carioca Aline Laport morou em Vitória por mais de 30 anos. Mas foi em Caxambu que conseguiu encontrar o seu lugar. Ela disse ter se apaixonado pela cidade, sua água e ar puro, “aqui é o paraíso na terra”, disse. Depois de ter mudado de estado, há cerca de três anos e meio, ela não tinha encontrado ainda maneiras de gerar renda em sua nova residência. Ela é designer de interiores, mas também trabalha com estamparia e usou a Feira Segura para expor seus produtos. Era a primeira vez que ela participava de um evento do tipo, e de lá para cá, se envolveu cada vez mais com sua produção. “Vim para Caxambu e comecei a resgatar coisas que fazia na infância, como a costura. Daí fui nessa linha da costura criativa, estamparia. Em Vitória eu pintava. Então juntei a costura com a pintura, mas não fui para o lado das telas, preferi a estamparia”.
Hoje, parte da renda mensal de Aline vem do aprendizado que ela adquiriu participando da Feira Segura. Porém, muito além das vendas, o que ela diz ser uma das principais vantagens foi conseguir se inserir em um novo grupo. “A Feira Segura me mostrou que eu devia expor meu produto. Depois disso passei a vender mais. Aqui na praça, passei a conhecer a população, meus colegas de feira. Me acrescentou na comunidade. Aproximadamente 50% da minha renda melhorou e 100% da minha qualidade de vida, pois o melhor dia da minha semana é sábado, quando estou aqui”.
Reforço nas vendas
O Edmilson Aguiar é cozinheiro, decorador e artesão. Viu, durante a pandemia, sua principal fonte de renda, a decoração de interiores, perder espaço no mercado, levando-o a procurar outras alternativas. Ele já produzia artesanato, mas nunca tinha exposto ou vendido. Ele produz estandartes e faz pintura em tecidos, principalmente com referências à arte sacra. Ter usado seus produtos como uma fonte de renda extra foi fundamental nos últimos tempos. “Funcionamos durante um período da pandemia e foi muito tranquilo. Respeitamos os protocolos de segurança, mantivemos o distanciamento, uso de máscara, e deu tudo certinho”. Além do artesanato, ele produz doces e massas que fazem sucesso na feira. “Faço de tudo um pouco. Pastel de Belém, pastel de nata, sonho, comida árabe, cucas, pães de azeite. Na Feira Segura eu vendi bastante também”.
Já o Anderson de Jesus Brasil é um daqueles ‘feirantes raiz’. Ele também é produtor rural e na sua barraca sempre tem verdura fresquinha, colhida no dia, para vender. Antes de participar da feira realizada pelo Sistema FAEMG, ela apenas produzia e repassava sua pequena produção para outros vendedores. Hoje ele mesmo vende seu produto, garantindo um melhor preço, aumentando seu lucro. “Eu comecei quando essa feira começou. estamos trabalhando para manter nosso dia a dia e vir melhorando gradativamente a renda. Teve bom demais e com o tempo vai melhorar mais ainda”.