Cícera foi a única mulher na turma de nove alunos; economia foi grande após a qualificação
“A mulher tem que aprender a fazer de tudo para não passar dificuldade. Se a gente tiver força de vontade, aprende mesmo. Este curso foi uma bênção para mim”. Foi com este entusiasmo que a piscicultora Cícera Donizete Brito Gomes, de 58 anos, se inscreveu para participar do curso de Solda com Eletrodo Revestido, ofertado no ano passado pelo Sistema Faemg Senar em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Capinópolis e Cachoeira Dourada.
Cícera foi a única mulher na turma de nove alunos. E não se intimidou, pois tinha um objetivo: construir e dar manutenção em seus próprios tanques-rede utilizados no seu negócio, a Piscicultura Boca da Cachoeira, que funciona em um rancho no município de Cachoeira Dourada. “Qualquer solda que precisava, eu pagava R$ 50. A manutenção de um tanque ficava entre R$ 300 e R$ 400. Como os tanques quebram muito por causa da força da água, sempre precisam de manutenção. Decidi que eu mesma ia aprender a fazer para economizar. Comprei uma máquina de solda e agora estou fabricando os meus tanques. Faço a estrutura da grade, coloco a tela e levo para a água para criar os peixes. Não preciso mais pagar por isso”, explicou.
Os tanques-rede são fabricados em telas de arames e utilizados para evitar fugas e proteger os peixes de ataques de predadores. Este modelo de cultivo facilita o manejo, já que permite um melhor acompanhamento dos animais. Em sua piscicultura, Cícera possui 30 tanques atualmente. Os peixes são comercializados no atacado para o frigorífico e, também, na feira no município de Capinópolis, onde vende 300 quilos de peixes da espécie tilápia por semana, em média. No atacado, são de 5 a 10 toneladas semestralmente.
Sonho realizado
Com o curso, Cícera também concluiu a realização de um sonho: ter a própria balsa para facilitar o trabalho na piscicultura. “Meu irmão começou a construir a balsa para mim. Mas, em dezembro de 2021, ele faleceu e o projeto ficou inacabado. Depois que eu fiz o curso, eu mesma decidi concluir. Ainda vou fazer a cobertura, mas ela já está na água e facilitou bastante o meu negócio”, afirmou.
Cícera conta que antes precisava trazer os tanques para a beira do rio. Com a balsa, ela vai até os tanques para a retirada dos peixes e para a transferência dos animais do berçário para o tanque de engorda ou outros procedimentos. “Agora não tem mão de obra sofrida mais. A balsa ajuda bastante”, completou. E ela não pretende parar. Quer ampliar os conhecimentos na área de solda, aprendendo o processo MIG, indicado para soldagem de materiais não ferrosos, como alumínio, cobre, entre outros. “Já fiz vários cursos do Senar, mas este de solda foi o melhor, com certeza”, finalizou.
Apoio do Sindicato
A agente de desenvolvimento rural do Sindicato dos Produtores Rurais de Capinópolis e Cachoeira Dourada Sandra Donizete Silva destacou que é muito gratificante quando um aluno do Sistema Faemg Senar coloca em prática o que aprendeu no curso. “A Cícera é uma mulher muito batalhadora, que não mede esforços para fazer os cursos do Senar. Há alguns anos, ela fez curso de criação em tanque-rede, e agora o de solda, que é muito utilizado nesta cadeia produtiva. Um diferencial é que ela coloca em prática tudo o que aprende”, afirmou.
O presidente do sindicato, Fábio Barra, enfatizou a importância das mulheres buscarem o aperfeiçoamento. “Hoje, 34% das mulheres administram fazendas. Mas, se considerarmos o cuidado com a casa, elas estão presentes em 100% do campo. Ficamos felizes por incentivar as mulheres e saber que elas estão fazendo a diferença. Parabenizamos a aluna por ter concluído o curso e hoje estar desenvolvendo o seu próprio trabalho. Isso é de grande otimismo e determinação”, ressaltou Fábio, que teve o posicionamento endossado pela secretária-executiva do sindicato, Tatiane Barra.
Para o gerente regional do Sistema Faemg Senar, Ricardo Tuller, este é mais um exemplo dos resultados dos cursos oferecidos aos produtores rurais. “O relato da Cícera mostra como o aprendizado impactou o seu negócio, trazendo economia e proporcionando melhores condições de trabalho. Convidamos outros produtores que também procurem o Sindicato do seu município para buscarem aperfeiçoamento ou até mesmo qualificação para uma nova atividade rural”, finalizou.
