O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Piscicultura dá os seus primeiros passos para atender 30 produtores de Bocaiuva e outros três municípios. Em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Bocaiuva, que mobilizou o grupo, essa é a primeira vez que o ATeG é oferecido para essa cadeia produtiva na região, que tem se organizado para melhorar os métodos produtivos e ampliar o reconhecimento como polo comercial de peixes.
Segundo o técnico que acompanha os produtores da região, Danniel Ruas Abreu, nos dois primeiros meses de atendimento, já foi possível identificar potencialidades para o sucesso da atividade. “O corporativismo local tem feito a diferença. Os produtores estão muito unidos em busca de melhorias para alavancar a piscicultura da região. Eles têm, inclusive, associação própria, os Piscicultores do Portal do Norte, e já buscam ampliar projetos, buscar auxílios para construção de tanques, compra coletiva de rações, montagem de abatedor e certificações ambientais”.
Os piscicultores da região investem, principalmente, em quatro espécies: tilápia, tambaqui, surubim e pintado. Além de Bocaiuva, são atendidos piscicultores do distrito de Engenheiro Dolabela e das cidades de Engenheiro Navarro, Guaraciama e Olhos D'Água.
Desafios
Nessas primeiras visitas técnicas, também já foram identificadas algumas carências. Muitos participantes estavam com a produção ativa, mas seguindo alguns métodos errados, como na construção de tanques. A partir de agora, técnico e piscicultor atuarão juntos para melhorar a produção.
“Faltou suporte técnico para eles. Entre os desafios, é preciso melhorar a estrutura de construção dos tanques e o sistema para escoamento de dejetos, o que tem impacto direto na produção, por manter a qualidade da água e reduzir riscos de proliferação de patógenos, bactérias e protozoários”, expliocu Danniel Ruas.
Outro ponto destacado pelo técnico é a necessidade de redução de peixes nos tanques. “Em algumas propriedades, eu me deparei com muitos peixes por metro quadro. Isso atrapalha o ciclo produtivo e causa falta de oxigenação. Vamos trabalhar reduzindo a densidade de estocagem. O ciclo produtivo, que, normalmente, é de seis meses, estava em um ano, no caso das tilápias”.
Expansão
O produtor rural Ricardo Afonso Veloso investiu na atividade no início deste ano, aproveitando um reservatório usado para irrigação da fazenda, onde já trabalha com outras atividades, como fruticultura e bovinocultura. Com aporte de 600 mil litros de água, ele passou a criar peixes da espécie surubim e, com a ATeG, começou a projetar a expansão dos negócios.
“Desde a chegada do ATeG, estou produzindo com mais qualidade e profissionalismo. O plano é aumentar a estrutura dentro das técnicas corretas e ampliar a produção, utilizando uma barragem da propriedade, que precisa fazer impermeabilização para captar água da chuva, além de novos tanques”.
A expectativa dele é suprir o mercado regional e transformar a atividade em mais uma fonte de renda da propriedade. “O consumo de peixes cresceu e, na região, tem falta de mercadoria, que, muitas vezes, vem de outros estados”.
Mudanças
No caso do produtor Fernando Brandão, as mudanças chegaram na etapa inicial da criação dos peixes. Ele começou na piscicultura pouco antes do ATeG, ao adquirir alevinos de tilápia, aproveitando um tanque de irrigação já existente na propriedade, que funciona como uma espécie de “maternidade” até a nova estrutura ficar pronta e poder receber os peixes. “Comecei agora, e a consultoria já me ajudou neste início, com a construção correta do tanque, que terá capacidade para 1 milhão de litros de água”.
Empreendedor no ramo de farmácias, ele tem buscado tornar a propriedade, que também tem produção de leite, gado de corte e fruticultura, cada vez mais funcional e sustentável. “É uma atividade nova, então, o acompanhamento auxilia muito. Já neste início, fiz a correção da ração dos peixes, por exemplo. Dos 10 mil alevinos que comprei inicialmente, cerca de 10% morreram por alguns erros de método, como é o caso da ração errada”.
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