Com foco nas estratégias de alimentação animal e gestão do negócio rural, o 1º Dia de Campo da Bovinocultura de Leite e Corte de Porteirinha reuniu mais de 600 participantes na Fazenda Bucaina, empreendimento acompanhado pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Sistema Faemg Senar. O público contou com produtores rurais, estudantes de ensino superior, técnico e médio, além de diversas empresas e entidades que investem no agronegócio norte-mineiro.
O evento, organizado em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, contou com três palestras: Produção de volumoso com qualidade na fazenda; A importância da gestão para atuar no custo de produção e Dieta Puro Grão. “Esse dia de campo vai fazer a diferença no dia a dia dos produtores da nossa região. A gente trabalhou e se dedicou em busca de melhorar ainda mais os resultados produtivos da área por meio da qualificação. Esse evento já é um marco para todos”, avalia Elton Mendes, presidente do Sindicato Rural.
Aposentado e retornando ao Norte de Minas após décadas na Bahia, Valdomiro José dos Santos anotou com muita atenção todos os detalhes das palestras. Ele está montando um empreendimento rural para a cadeia do leite em Porteirinha e vê na troca de conhecimentos grande importância para atuar de forma assertiva no ramo. “Escolhi minha terra natal, porque, entre outras coisas, aqui tem grande potencial para a pecuária de leite. O que percebo é que tudo precisa ter atualização, precisa ser melhorado com a tecnologia que chega. Durante as palestras foi possível ver diversos temas com uma nova visão da gestão rural. O dia acrescentou muita sabedoria ao produtor”, pontua Valdomiro José.
Supervisor de ATeG e palestrante no evento, Lucas Leocádio trouxe na sua fala exatamente a importância do controle produtivo e gerenciamento das contas do empreendimento, pontos que impactam diretamente na saúde do negócio rural. Para ele, o produtor precisar sempre avaliar o caixa, pois é quando será possível referendar as ações que estão propostas na fazenda. “Um dos melhores termômetros para saber se a propriedade está saudável é o resultado financeiro. É isso que vai permitir a sucessão familiar, novos investimentos etc. Se a propriedade não gera receita vai ser uma dor de cabeça ao produtor. Com a implementação da gestão é possível prevenir diversos problemas”, destacou Leocádio.
Para o gerente regional do Sistema Faemg Senar em Montes Claros, Dirceu Martins, a busca por transformação e qualificação técnica na região têm sido fator determinante para a evolução dos empreendimentos, o que ajuda a explicar o sucesso de público do evento. “O Dia de Campo foi inédito em termos de público, inclusive para nós, quando conseguimos levar tantos produtores rurais para se qualificarem. Isso mostra a força de mobilização da entidade cooperada, além do reconhecimento e a credibilidade do nosso trabalho junto aos produtores e trabalhadores de toda a Serra Geral”, pontua Dirceu Martins.
Troca de experiências
A Fazenda Bucaina é uma propriedade gerida por meio da sucessão familiar. Atualmente o casal Edineide Mendes dos Santos e Ailton Veríssimo Vieira, junto aos filhos Camila Mendes e Alfeu Veríssimo Neto, coordena todo o trabalho produtivo, que vai do plantio e preparo do alimento dos animais, passa pela coleta do leite – que hoje representa mais de 1 mil litros por dia - e a transformação em produtos derivados, como queijo, requeijão e doces.
Atualmente no ATeG Agroindústria, a propriedade também já foi atendida pelo ATeG Balde Cheio. Segundo a família, o trabalho técnico tem sido um diferencial para novas propostas de trabalho. “A fazenda foi se transformando, especialmente nos últimos 10 anos, com investimentos diversos e, em seguida, com a chegada do ATeG, que nos ajudou, entre outras coisas, a moldar essa estrutura gerencial da propriedade. Essa evolução em família tem sido satisfatória, todos contribuem, trocam experiências”, relatam Edineide e Ailton.
Com tanta potencialidade e evolução, o casal fez questão de dividir conhecimentos, mostrando todo seu processo produtivo e estruturação da fazenda, além de tirar dúvidas do público presente no Dia de Campo. A professora Júlia Maria Andrade, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acompanhada de um grupo de estudantes universitários, reconheceu a importância da troca de experiências em campo. “Eventos como estes são gratificantes. É possível realizar o entrosamento dos produtores rurais com técnicos e estudantes, todos vivenciando os problemas reais do campo e as soluções que podem ser adotadas. Todos puderam observar e aprender muito”, avaliou a professora.
Rodrigo Fonseca de Azevedo, técnico de campo que atuou na fazenda no primeiro ciclo de ATeG, esteve presente no evento, retornando ao local onde trabalhou por dois anos. O especialista acredita que a receita do sucesso, que se manteve após a assistência técnica, está no trabalho conjunto da família. “Cada integrante da família fica responsável por um setor da produção. Essa mão de obra familiar vem funcionando muito bem. Essa gestão da propriedade, aliada às boas práticas de manejo, alimentação animal e melhoramento genético do rebanho geram boa produtividade. É uma propriedade pequena e altamente produtiva”.
