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Dedicação e qualidade: queijos nota 100 em Alagoa

3ª AVALIAÇÃO TÉCNICA ATEG AGROINDÚSTRIA
ESCRITO POR CARLA ARANTES, DE JUIZ DE FORA
25/06/2025 . SISTEMA FAEMG, SENAR

Alagoa tem o que comemorar: quatro queijos produzidos no município conquistaram a nota máxima na 3ª Avaliação Técnica dos Queijos ATeG Agroindústria, durante o Festival do Queijo Artesanal de Minas, em Belo Horizonte. Ao todo, entre os 248 inscritos, 18 queijos não perderam nenhum ponto nos critérios avaliados. Um importante reconhecimento ao trabalho no Sítio Nhá Chica e no Sítio Três Irmãos, que contam com o acompanhamento do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).

Três certificados de nota 100 ficaram com o Sítio Três Irmãos, que se destacou com o queijo tradicional 30 dias, o queijo capa preta e com o maturado em tábuas de araucária por 60 dias. Iguarias produzidas por Aldo Gabriel de Barros, segunda geração de produtores de queijo na família. Sozinho, ele já toca a queijaria há 12 anos e coleciona prêmios. Isso porque, mesmo com toda a experiência, não deixa de buscar conhecimento e inovações que ajudem na produção. “Eu me inscrevi no ATeG porque sei que tem muita coisa que a gente ainda pode melhorar, são detalhes que fazem a diferença”, explica.

Ele também foi premiado no XIV Festival de Queijos e Azeites de Alagoa, realizado entre 17 e 22 de junho. Recebeu medalha de bronze com o queijo tradicional de 1kg e prata com o tradicional de 5kg. Com isso, a pequena produção de dez queijos por dia já não para nas prateleiras. Com o comércio online, Gabriel vende os produtos para várias cidades do Brasil e investe em novos sabores, como os queijos temperados com tomate e manjericão. Tudo com muito capricho e o sabor do verdadeiro queijo de Alagoa.

Sítio Nhá Chica

Na propriedade, o dia começa cedo, bem antes do sol nascer. Às 3h, Francelim Mendes acorda para fazer a primeira ordenha do dia. A propriedade tem nove vacas que garantem o leite para a produção da queijaria artesanal. A esposa dele, Marcelena, e o filho, João Victor, não ficam na cama por muito tempo. Antes de ir para a escola, o menino de 14 anos também ajuda na fabricação dos queijos.

A rotina começou há sete anos, quando a família, que morava em Baependi, voltou para Alagoa e assumiu a queijaria de um tio de Francelim. Na época, tudo era muito rústico. Os queijos eram feitos numa pequena casinha, seguindo os cuidados de higiene, mas sem técnicas e registros que garantissem a qualidade do produto.

Em outubro de 2024, o sítio entrou para o Programa ATeG. Era a terceira turma do município e a família também queria fazer parte do grupo de produtores que se destacavam em concursos e festivais pelo Brasil e, consequentemente, melhorar o faturamento. “Por incrível que pareça, ouvimos muita gente dizendo para não fazer isso, que aumentar a produção e buscar um registro só ia atrair fiscalização e a gente ia acabar quebrando”, lembra Marcelena.

Mas eles não deram ouvidos. Hoje seguem à risca as orientações da técnica de campo Laura Durço Machado. A empolgação foi tanta, que a família decidiu investir todas as economias na construção de uma nova queijaria. Eles têm, agora, duas ordenhadeiras mecânicas, o leite chega ao tacho sem que os barris precisem entrar no cômodo, os equipamentos são de inox, as paredes azulejadas e todos os processos sanitários respeitados rigorosamente.

“Foram R$80 mil de investimento”, conta João Victor, que também ajuda no planejamento financeiro. E o resultado já começa a aparecer. Antes, eles usavam 12 litros de leite para fazer um quilo de queijo. Com o aprimoramento, caiu para pouco mais de 10 litros. O quilo que era vendido a R$33, agora já chega a R$48.

Todo esse trabalho se refletiu na nota 100 do queijo maturado tradicional 30 dias. O certificado também foi entregue pela técnica de campo e pelo supervisor Paulo Globo. “A gente deve tudo isso isso ao ATeG”, agradeceu Marcelena.

“Essa é a grande satisfação do nosso trabalho. Ver que, com empenho e dedicação, a vida das pessoas pode mudar para melhor e contribuir para isso é uma grande alegria”, comemora a técnica Laura.