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Sítio Cascalho: histórias de superação na cafeicultura

MEU CAFÉ NO SISTEMA FAEMG SENAR
ESCRITO POR JULIANA CAMPOS, DE VARGINHA
11/12/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, INAES
Leandro voltou para o campo para ajudar o pai: “Fiz vários cursos do Senar e hoje curso Agronomia”

O Sítio do Cascalho, em Natércia (Sul de Minas), faz jus ao nome. Por lá, o solo cheio de pedregulhos é sinônimo de desafios, mas também é marca registrada do esforço e da resiliência que fazem parte da família de Leandro Henrique da Silva Almeida, há quatro gerações. Uma história iniciada há quase um século e que hoje se traduz em uma lavoura onde 90% da produção é de café especial.
 
História
O bisavô de Leandro chegou à região há cerca de 100 anos e iniciou o cultivo de mandioca e a criação de gado para subsistência. O tempo passou e o avô de Leandro, Vicente Olímpio, deu continuidade ao trabalho e, além da mandioca e da pecuária, passou a produzir arroz. Na época, apenas o que sobrava era vendido.

O café só chegou ao Sítio do Cascalho anos mais tarde, quando a cafeicultura ganhou força no município. Momento em que o avô decidiu investir na produção. Segundo Leandro, o primeiro plantio foi inteiramente manual, com uso de enxada e muito esforço para o manejo do solo cheio de cascalho. O resultado foi cerca de mil pés de cafés plantados, que resultaram em 12 sacas colhidas.

Com a experiência adquirida pelos antepassados, o pai de Leandro, Márcio Batista, decidiu que era momento de dar mais um passo. Vendeu dois garrotes e, com o dinheiro, investiu em mudas, adubo e no manejo da terra. Ainda na década de 1990, conseguiu um trator emprestado, o que garantiu um preparo mais eficiente da terra. Deu certo! No primeiro ano, foram três mil mudas plantadas, que foram se multiplicando ao longo dos anos, graças ao trabalho da família.

Do terreno de cascalho às novas colheitas: legado na cafeicultura atravessa quatro gerações da família


Desafios e sucessão familiar
Há seis anos, a família se viu diante de outro desafio: uma tempestade de granizo que destruiu 80% da lavoura.

Diante da adversidade, Leandro, que tinha concluído o ensino médio, voltou para o sítio e buscou outros empregos para ajudar a família, enquanto o pai dele se concentrava na reconstrução da lavoura.

“A natureza nos ensina muita coisa, principalmente a resiliência. Ver meu pai reconstruir a lavoura, não desistindo do que sempre foi o nosso sustento, isso formou o meu caráter, aumentou a minha fé e depois de passar por isso e ver a reconstrução, tudo se torna mais satisfatório,” lembra Leandro. História que foi contada em uma parte do livro “Os jovens, as gerais e o agro”, um projeto da Faemg, em que Leandro foi convidado a participar.  

Evolução
Desde então, a família se uniu em torno da produção de café. Leandro conta que fez todos os cursos do Senar para a cafeicultura, além de outras capacitações do Instituto Federal de Minas Gerais, do campus de Muzambinho, e hoje cursa Agronomia. Com essa bagagem, ele sugeriu melhorias no pós-colheita, na separação dos grãos de cada talhão, em lotes diferentes e na identificação de suas características.

Atualmente, o Sítio do Cascalho tem cerca de 30 mil pés de café, sendo 20 mil do pai, Márcio, e 10 mil do filho, Leandro. Juntos, eles produzem cerca de 200 sacas por safra, sendo que 90% desse café é especial. Parte dele é vendido para cafeterias de Belo Horizonte e, a outra parte, é destinada para a produção direta, com a torra e o empacotamento. A produção própria é de 50 pacotes por mês, mas há expectativa de crescimento no futuro.

“O café vai continuar sendo o sustento da minha família, mas pretendo melhorar o nível tecnológico das lavouras, com maior produtividade e com foco maior em qualidade," planeja Leandro .