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Produtores do Vale do Suaçuí visitam queijarias no Sul de Minas

MISSÃO TÉCNICA
ESCRITO POR CARLA ARANTES, DE JUIZ DE FORA, COM APOIO DE MARIANA GRAPIUNA, DE ARAÇUAÍ
05/08/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, INAES, FAEMG

Quinze produtores participaram de missão técnica para conhecer experiências bem-sucedidas em queijarias artesanais de Itamonte e Alagoa

Um dia inteiro de estrada para conhecer de perto o processo que levou os queijos do Sul de Minas Gerais ao reconhecimento internacional. Quinze produtores da região do Vale do Suaçuí, que abrange os municípios de Santa Maria do Suaçuí, Água Boa, São Sebastião do Maranhão, São Pedro do Suaçuí e São José do Jacurí, participaram de uma missão técnica com destino às cidades de Itamonte e Alagoa. A iniciativa foi promovida pelo Sistema Faemg Senar e Sebrae entre os dias 21 e 24 de julho.

Em Itamonte, a comitiva iniciou as visitas na Queijaria Velho Pitta, fundada pelo casal Bianca e Gustavo Pitta. Com uma produção diária de cerca de 380 litros de leite, são fabricados de 10 a 11 quilos de queijo por dia. Os cuidados com a higiene, desde a ordenha até a embalagem, garantem a qualidade do produto, um diferencial que, segundo Bianca, foi potencializado com o apoio do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema Faemg Senar, por meio do Sindicato Rural de Itamonte.

A queijaria possui o Selo de Inspeção Municipal (SIM), que atesta a segurança alimentar dos produtos de origem animal, além do Selo ARTE, certificação que permite a comercialização nacional de alimentos artesanais de origem animal.

 

Ainda em Itamonte, os produtores conheceram a Queijaria Artesanal Capoeira Grande, conduzida pelos irmãos Fabrício e Fabiano Fonseca. Com o suporte do ATeG, eles aprimoraram técnicas de maturação, conquistaram o registro sanitário e viram o valor de mercado de seus queijos aumentar. Hoje, produzem em média 10,3 kg por dia, com preço médio de R$ 55 — valor 50% superior ao praticado antes da regularização.

A visita seguiu para a Queijaria Morro Grande, dos produtores Luciane e João Carlos de Carvalho, referência na produção de muçarela e do tradicional Queijo Artesanal da Mantiqueira. “Eles são exemplos para os outros produtores”, destaca Márcia Motta, médica veterinária do Sindicato Rural de Itamonte. “Foram um dos primeiros a buscar capacitação, reconhecer que podiam melhorar e vencer o medo de ir atrás dos registros e selos que garantem a qualidade dos queijos”, completa.

Alagoa

No segundo dia da missão, a comitiva seguiu para Alagoa, município com mais de 140 queijarias atendidas pelo Sindicato Rural de Baependi. Desde 2020, o produto típico da cidade ganhou identidade própria, deixando de ser chamado apenas de “parmesão” para ostentar oficialmente o título de Queijo Artesanal de Alagoa.

Uma das visitas mais aguardadas foi à Queijaria Pedra do Segredo, do produtor Jayme Porfírio, vencedora da Expoqueijo 2025 com o troféu Super Ouro — a primeira vez que um queijo brasileiro conquista o reconhecimento no concurso internacional realizado em Araxá.

A última parada foi no Sítio Três Irmãos, onde o produtor Aldo Gabriel de Barros continua o legado iniciado pelo pai. Seus queijos maturados por 60 e 90 dias já receberam prêmios nacionais e encantaram os visitantes durante a degustação. Um detalhe que chamou a atenção: diferentemente da maioria dos produtores da região, Aldo utiliza leite da raça jersey, conhecido por seu alto teor de gordura e qualidade.

Troca de experiências

Para Paula Lobato, analista de assistência técnica e gerencial do Sistema Faemg Senar, a missão cumpriu plenamente seu objetivo. “Os produtores do Vale do Suaçuí conheceram realidades diversas, desde queijarias estruturadas com foco no turismo rural até outras menores, que atendem aos requisitos sanitários básicos para garantir a legalização da produção”, avalia. “Mas os ganhos vão além. Eles viram na prática a força da união entre produtores, sindicatos e associações”, pontua. Segundo ela, esse trabalho conjunto fortalece o setor e incentiva os produtores a buscarem os registros necessários para a comercialização legal dos queijos.

A viagem também provocou reflexões e trouxe inspiração para quem ainda está em processo de formalização. Leandro Nunes, de Santa Maria do Suaçuí, destacou: “A gente já sabia que o queijo é parecido com o nosso, mas lá eles têm o hábito da maturação, o que agrega valor. Minha expectativa era ver de perto como isso funciona, para no futuro buscar o registro”.

Já para Leandro Ferreira dos Santos, de São Pedro do Suaçuí, a longa jornada valeu a pena. “Percebi que vou ter que começar do zero, construir uma nova queijaria, mas estou animado. Vou investir na estrutura e buscar o SIM, para vender para quem valoriza o nosso produto”, afirmou o produtor, que hoje comercializa o quilo a R$ 27 para atravessadores.