De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), houve uma retomada de um dos setores mais prejudicados durante a pandemia, o turismo. Este fato pode ser atribuído, em boa parte, pelo turismo rural, visto a prestação de serviços ser ao ar livre. De acordo com a Confederação, há o fato também dos brasileiros preferirem viagens mais próximas a suas casas após o isolamento, o que pode significar oportunidades para que os municípios e empreendedores rurais recuperem seus ganhos.
Neste contexto, o Programa Agente de Turismo Rural do Sistema FAEMG, concluído neste mês através da parceria com a Prefeitura de São Sebastião do Rio Verde, é uma ótima oportunidade para se voltar ao que a cidade tem de melhor. De acordo com o gerente regional do Sistema FAEMG em Lavras, Rodrigo Ferreira, o Programa “permitiu com que os participantes enxergassem São Sebastião do Rio Verde com outro olhar, voltado para a riqueza do município. Com a formatura, os novos agentes, em parceria com a Prefeitura, poderão explorar o potencial da cidade”.
Da mesma forma, a instrutora, Cláudia Ferolla Ferreira, disse que o Programa resultou em um “descortinar do olhar dos participantes para a sua própria cidade, valorizando os atrativos culturais, as suas edificações, reconhecendo-as como algo que o turista quer ver, visitar e ouvir a história”. Ela complementa que São Sebastião do Rio Verde possui uma beleza cênica, composta ao fundo pela Serra da Mantiqueira e que, apesar da cidade não ter cachoeiras, possui o trem turístico que passa pelo Rio Verde, mostrando toda a sua importância cultural, econômica e belas paisagens.
Para o prefeito de São Sebastião do Rio Verde, Sandro Lisboa Martins, “com este curso passamos a conhecer e a identificar os atrativos rurais do município. Quero parabenizar pela formatura dos sete agentes do Turismo Rural. Este grupo já despertou o empreendedorismo, nascendo a primeira Agência de Turismo de São Sebastião do Rio Verde. Desejo muito sucesso a todos, com a perspectiva do Trem, que pode gerar um fluxo grande de turistas, juntamente com hotéis, pousadas, pontos identificados na zona rural e o comércio em geral. Fico muito otimista e ansioso pela evolução socioeconômica e cultural que está por vir para o nosso município. Só tenho a agradecer ao apoio técnico que o SENAR”.
Segundo o mobilizador dos Sindicatos Rurais de Pouso Alto e São Sebastião do Rio Verde, Miguel Hercolis dos Santos, os participantes do Programa trabalharam seis módulos: “Levantamento de Potencialidades do Município da Região”, “Produtos e Serviços Turísticos”, “Segurança na Atividade Turística”, “Condução de Trilhas”, “Roteirização Turística”, “Meios de Hospedagem e Serviços de Alimentação” e “Comercialização de Produtos e Negócios Turísticos”. Para ele, a iniciativa foi bastante importante e há ainda muitos outros projetos a se desenvolver, sejam relacionados ao meio ambiente ou à área cultural.
Para Maria Olívia Ribeiro dos Santos Barbosa, pedagoga aposentada, o interesse em fazer parte do Programa surgiu justamente com a revitalização da linha férrea do município, através do trem turístico “Maria Fumaça” citado pela instrutora. Para ela, “é uma questão de honra e de amor fazer a ‘Maria Fumaça’ rodar por estes trilhos e trazer alegria, nostalgia e desenvolvimento em forma de geração de renda, novos pontos comerciais, empregos e vendas de terrenos com novas construções”. Ela salienta que, para o turismo dar certo é preciso dedicação, “não dá para fechar o comércio em dia de feriado, por exemplo”. Para tanto, é preciso “comover a comunidade, através de palestras, de postagens na internet”. De acordo com Maria, o Programa foi fundamental para que ela aprendesse a “montar passeios e roteiros, para que os visitantes tenham dias inesquecíveis, mostrando todas as atrações que São Sebastião do Rio Verde tem e que não eram antes enxergadas”.
Confira as propostas de roteiros, apresentadas pelo grupo da Maria em dois banners, através da agência criada durante a capacitação, chamada de “Trilhas Verdes da Estação”:
Incentivo
Por fim, Cláudia ressalta a importância da capacitação realizada por incentivar “os bairros rurais, onde tem pessoas que fazem artesanatos, que fazem suas quitandas”. Assim, pessoas que nunca expuseram seus produtos em uma barraca tiveram esta oportunidade no encerramento do Programa. Além disto, percebeu o impacto deste trabalho na vida das pessoas, as quais puderam perceber que não é somente o trem que pode atrair a turistas. Estas relataram, por exemplo, que sempre viam ciclistas “para lá” e “para cá” nas estradas, mas que nunca tinham pensado que a propriedade rural deles está ali no caminho, podendo ofertar algo para vender a eles. Desta forma, a instrutora acredita também ser possível expandir para um turismo regional, com empreendimentos pensados em conjunto com municípios vizinhos como Pouso Alto, Virgínia e São Lourenço.