Produtores de Andrelândia e Caxambu formam associações para conquistar espaço no mercado nacional e internacional
Movido pela vontade de desenvolver a apicultura na região de Andrelândia, o produtor Luciano Campos convenceu o colega Leandro Silva a buscar mais informações sobre como formar uma associação de apicultores como as que já existem em São João Del Rei (Apis Del-Rei) e em Juiz de Fora (Apijur). Em fevereiro de 2025, nasceu a Aapiman - Associação dos Apicultores e Meliponicultores de Andrelândia. Hoje, são 15 associados, mas ainda há muito o que crescer já que, segundo Luciano, existem mais de cem produtores informais na região.
A Aapiman já tem um terreno e a expectativa é conseguir recursos para montar uma fábrica e beneficiar os produtos e, assim, vender direto para o consumidor. Por enquanto, a produção é comercializada em grupo para empresas exportadoras e entrepostos. A primeira remessa totalizou 18 toneladas de mel. “O que a gente quer é poder embalar nossos produtos e sair da informalidade”, afirma Luciano, presidente da Aapiman.
A iniciativa recebeu apoio do Sindicato de Produtores Rurais de Baependi, que atende a região. O técnico de campo do Sistema Faemg Senar, Isac Edu Assunção, que fazia a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) aos produtores na época, destaca as vantagens dessa união: “A primeira é a troca de informações. Segundo é a ajuda mútua, eles sempre foram parceiros em Andrelândia e isso vai estreitar. Outra coisa é o poder de compra. É muito difícil para um produtor só comprar todo o material apícola e com a compra coletiva, há uma redução significativa. Por fim, as vendas, que no início vão ser para atravessadores, mas eles podem buscar os selos de inspeção para vender para outras cidades, estados e até para fora do país”, afirma.
Mel do Circuito das Águas
A quase 100km dali, em Caxambu, outro grupo de apicultores e meliponicultores está em busca da formalização. A união surgiu durante o ATeG oferecido por meio do Sindicato Rural da cidade. “Começamos com compras coletivas de cera, colméias, ninhos e outros ítens, e também com a venda coletiva de própolis e mel. Esse trabalho foi unindo o grupo e surgiu a ideia de criar uma associação”, conta o presidente do SPR de Caxambu, Eduardo Rafael.
O registro da Associação dos Apicultores do Circuito das Águas Mineiro (Apiscam) deve sair em setembro. Bruno Sant´Anna de Freitas faz parte da diretoria e conta que seria inviável cada um ter uma agroindústria e levar o produto para o mercado com um valor agregado maior. “A maioria não tem nem onde extrair o mel. Um dos associados vai arrendar a casa de mel dele para a associação para a gente conseguir o selo sanitário e poder vender os produtos direto para o consumidor”, explica Bruno.
Qualidade e pureza
O mel da região da Serra da Mantiqueira vem sendo cada vez mais procurado por consumidores e por empresas exportadoras. Segundo o técnico de campo Daniel Silva, que faz o ATeG em Caxambu, o diferencial está na diversidade da flora e na pureza considerada altíssima: “nossa vegetação é muito preservada e a contaminação é muito baixa, principalmente por glifosato”.
Isso faz com que a demanda seja cada vez maior e, por isso, os registros e certificações são tão importantes, pois assim, os produtores não precisam mais vender os derivados no atacado. “Todos eles sonham em ver suas embalagens nas gôndolas dos supermercados, mas para um produtor familiar isso é quase impossível, daí a importância da união”, destaca Daniel.