Montes Claros foi palco, nesta quarta-feira (13), do 2º Seminário Mineiro de Irrigação, um encontro estratégico para o futuro da agricultura irrigada sustentável em Minas Gerais. Realizado no Parque de Exposições João Alencar Athayde, o evento reuniu mais de 700 participantes, entre produtores rurais, pesquisadores, representantes de empresas, técnicos, lideranças do agro e autoridades estaduais.
Promovido pelo Sistema Faemg Senar e pelo Governo de Minas Gerais, com correalização do Inaes, o seminário destacou a irrigação como tecnologia essencial para aumentar a produtividade, gerar empregos, fortalecer a segurança alimentar e garantir o uso racional dos recursos hídricos, especialmente no Semiárido mineiro, onde apenas 15% da área produtiva é irrigada.
Durante a solenidade de abertura, o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, ressaltou que a irrigação é um dos pilares para ampliar a produção agropecuária de forma responsável e competitiva.
“Não há lugar melhor que o Norte de Minas para discutir o uso racional da água, essencial para o desenvolvimento da região. Aqui, a pecuária de leite e de corte já são realidades, e a irrigação é fundamental para garantir alimento para os rebanhos e impulsionar também a fruticultura. Temos céu e solo favoráveis; agora, precisamos avançar com técnica para melhorar a vida de todos os mineiros”, disse.
Em participação remota, o governador Romeu Zema destacou que a irrigação moderna e inteligente, quando feita corretamente, é um dos caminhos mais seguros para aumentar a produtividade, valorizar o produtor e gerar mais emprego e renda. “Seguimos trabalhando para descomplicar processos, reduzir a burocracia e apoiar quem quer investir em tecnologia e inovar”, afirmou.
Desenvolvimento sustentável
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, ressaltou o compromisso do governo com a gestão eficiente da água. “Desde o primeiro seminário, avançamos muito, e isso só foi possível graças ao diálogo constante da Faemg conosco. A partir de uma demanda do Norte de Minas, trabalhamos para viabilizar barramentos para irrigação. Com o decreto do governador Romeu Zema e, depois, a aprovação da Assembleia, nasceu a Política Estadual de Irrigação, um marco para garantir segurança hídrica e produtividade no campo".
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, lembrou que a irrigação é estratégica para transformar o potencial produtivo de regiões que ainda sofrem com a irregularidade das chuvas. “A Seapa e a Faemg têm uma parceria forte para consolidar essa política pública, especialmente aqui no Norte de Minas. O decreto da Agricultura Irrigada Sustentável já foi publicado e agora estamos em campo para apresentar essa iniciativa aos produtores e à sociedade, mostrando como ela vai funcionar".
Presenças estratégicas
Entre as autoridades, estiveram presentes o vice-presidente do Sistema Faemg Senar e presidente do Inaes, Renato Laguardia; o diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Marco Neves; a gerente de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Mariana Ramos; o presidente da sociedade rural de Montes Claros, Flávio Gonçalves Oliveira; e a vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros, Hilda Loschi.
“O Norte de Minas tem em torno de 13 milhões de hectares. São mais de 80 mil propriedades rurais em uma região considerada semiárida, o que significa que não temos disponibilidade hídrica suficiente para produzir alimentos o ano inteiro. A irrigação vem para resolver tecnicamente esse problema”, disse Hilda.
O evento contou, ainda, com a participação de nove caravanas com produtores rurais e estudantes de cursos vinculados ao setor agropecuário de diversos municípios do Norte de Minas.
Conteúdo técnico
A programação reuniu especialistas de referência no Brasil e no exterior. Entre os temas abordados, destacaram-se: gestão de águas subterrâneas com experiências do Nebraska (EUA), apresentada por Lineu Neiva (Embrapa Cerrados); potencial hídrico da região Oeste da Bahia, com Everaldo Mantovani (UFV); gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas na bacia do São Francisco, com Maria Antonieta Mourão (SGB); desafios energéticos da irrigação, com Afonso Santos (Unifei); e irrigação com déficit, com João Batista Reis (Epamig).
Avanços
Durante o seminário, o diretor-geral do Igam, Marcelo da Fonseca, falou sobre os instrumentos de regularização do uso da água, como o cadastro de uso insignificante e outorga. Também anunciou a implantação da outorga sazonal da bacia do Rio São Francisco, que considera a variação da disponibilidade hídrica ao longo do ano e permite o uso mais flexível da água em diferentes períodos. “Lançamos um novo sistema que dá mais agilidade ao processo de concessão de outorgas. Dialogamos com o setor, avaliamos as propostas e incorporamos aquilo que é a dor do cidadão”.
Parcerias
O 2º Seminário Mineiro de Irrigação contou com patrocínio do Confea, Crea-MG, Valley, Sicoob e Mútua, reforçando a importância da integração entre iniciativa privada, poder público e entidades de classe para promover inovação e sustentabilidade no campo. “Estamos apoiando esse importante evento especialmente no ano da COP-30 no Brasil. A irrigação é a principal solução para trazer o aumento da produtividade para a agricultura brasileira de forma sustentável”, disse o gerente comercial da Valley, Sandro Rodrigues.